domingo, 28 de março de 2010

Ele é todo errado

Meu café esfria aos poucos porque não quero beber
Vou vendendo essa poesia toda podre em becos da cidade
um louco quer comprar minha dor:
Não posso te vender nada, velho
Eu compro tudo eu compro tudo
Compro suas dores, seus amores e a roupa do corpo
Compro a água que você bebe e saliva que se forma na boca
e o suor descendo pelas costas nuas e seus anéis
Eu nem uso anéis. Já comprei todos antes que você notasse
Comprei sua loucura enquanto falávamos sobre putas
Não falamos sobre ninguém hoje
Eu falei enquanto você dormia no meu jornal
amassado, ao lado dos anéis e da cachaça
que você cuspiu na minha cara
e peguei seus pudores
Me visto de pudores não tenho mais roupas não tenho roupas não
E as putas? Quais?
Nós não falamos delas, eu sabia
Só ouvi o nome de uma
não consigo lembrar era com F ou O
era com H
Meu café esfria naquela mesa, senta comigo?
Me devolve o jornal então porque você dormiu nas minhas notícias
Não vou devolver esse passado não serve mais não vale uma
cama feita com você do meu lado
Então fica com os anéis e os medos e os amores e os pudores
pega essas rimas que elas não ficaram boas
e dói quando você lê engasgado sem saber o que se segue
Mas eu não sei por causa dessa coisa nos meus olhos
Isso é a cegueira que te comeu por não querer ver a verdade
Posso te contar uma coisa? Conta. Você é extremamente
pa
ti
co


NDS