terça-feira, 30 de março de 2010

Aquele da Alta Sociedade embriagada

Seus olhos são
olhos de quem não
sabe a verdade
do que é dito
ou a verdade
do que é certo
incerto.
Seu amor é um nome
que não me chama
É uma chama e
queima azul
queima-roupa
queima dura
na minha pele
e outro nome nos 
seus olhos
me rasga e sangra
com palavras
pontiagudas
dor aguda.
Incerto
das verdades
seus olhos eles não
olham nos
meus olhos eles não
sabem meu nome eles não
conhecem meus caminhos
nem eu
nem nada.


NDS

segunda-feira, 29 de março de 2010

Como ele disse dentro da minha cabeça que as coisas estavam indo muito bem, obrigado.

tá tudo querendo sair ao mesmo tempo e as palavras se amontoam na minha boca e eu engulo tudo de uma vez desce rasgando até o estômago mas eu não sei digerir palavras porque não sou um livro e elas ficam lá paradas presas se agarrando umas às outras elas querem sair mas são muitas muitas mais do que você imagina elas precisam se ordenar achar o caminho certo a ordem aí dá pra sair antes disso só vou engolir e deixar mofando ali, ouviu?


NDS

Poe

Te faço uma poesia, veja você
desde o dia em que renasci
como fênix humana
queimando em brasa
tal dor e
qual pavor 
em te perder
Escolho, do meu poço, as palavras
aquelas que mais puras parecem ser
e padecem como
aquilo que
existe e já
não existe
existiu - não existe
não há, não é.
Te faço poesia, benzinho.


NDS

λέξη σάπιο

As palavras estão me comendo e eu nem sei.
Elas são vermes correndo na pele e vivendo grudadas em mim.


NDS

domingo, 28 de março de 2010

Ele é todo errado

Meu café esfria aos poucos porque não quero beber
Vou vendendo essa poesia toda podre em becos da cidade
um louco quer comprar minha dor:
Não posso te vender nada, velho
Eu compro tudo eu compro tudo
Compro suas dores, seus amores e a roupa do corpo
Compro a água que você bebe e saliva que se forma na boca
e o suor descendo pelas costas nuas e seus anéis
Eu nem uso anéis. Já comprei todos antes que você notasse
Comprei sua loucura enquanto falávamos sobre putas
Não falamos sobre ninguém hoje
Eu falei enquanto você dormia no meu jornal
amassado, ao lado dos anéis e da cachaça
que você cuspiu na minha cara
e peguei seus pudores
Me visto de pudores não tenho mais roupas não tenho roupas não
E as putas? Quais?
Nós não falamos delas, eu sabia
Só ouvi o nome de uma
não consigo lembrar era com F ou O
era com H
Meu café esfria naquela mesa, senta comigo?
Me devolve o jornal então porque você dormiu nas minhas notícias
Não vou devolver esse passado não serve mais não vale uma
cama feita com você do meu lado
Então fica com os anéis e os medos e os amores e os pudores
pega essas rimas que elas não ficaram boas
e dói quando você lê engasgado sem saber o que se segue
Mas eu não sei por causa dessa coisa nos meus olhos
Isso é a cegueira que te comeu por não querer ver a verdade
Posso te contar uma coisa? Conta. Você é extremamente
pa
ti
co


NDS

quinta-feira, 25 de março de 2010

Cecília, SP

meu tempo passa mais rápido ao seu lado
meu tempo corre ao seu lado
meu tempo não existe ao seu lado
ele passa e passa de novo
e passa mais uma vez e corre apertando o passo
passa parando aos poucos
não para
o passo é rápido
o tempo é rápido
tudo é rápido demais
eu passo procurando o tempo que já foi
mas o relógio diz que tudo já passou
o espaço no peito não entende
que por mais que você corra
meu passo é mais apressado
e por mais que eu me apresse
o tempo passa mais rápido.


NDS

cheap poetry

minha poesia barata
nao traz palavras bonitas
nem melodia que agrade
minha poesia barata
aquela que eu ainda vendo
para comprar seu amor
ela ja nao paga nada
poesia barata
sao meus medos restos sonhos ainda nao decidi
pedacos do antes retalhos de agora
poesia barata
e sucata


NDS

[nota: chp ptr completo, sem sinais gráficos nem pontuação.]

sábado, 20 de março de 2010

chp ptr

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NDS

sábado, 13 de março de 2010

cinzazularanja

Eu sento e fico pensando nas coisas da vida. Nas coisas todas que eu... Eu não sei de mais nada. Minhas partes estão se desfazendo de novo. DE NOVO? E tudo fica rodando e eu quero respostas e a única resposta que eu tenho é uma cama com você no meu colo. Eu no seu colo. Quero colo. Quero a semana correndo com o tempo fugindo, um café, arrepio, chuva fina pra bagunçar o cabelo. Quero mesmo é não ter medo. Por que tá me dando medo bem agora? Vem me salvar dessa cidade que tá querendo me afogar. É gente demais e meu mundo é tão pequeno. Vem me salvar. Vem logo e me tira do terror. Eu tenho medo de escuro, você sabe. Não apaga a luz quando sair de casa, porque eu tenho medo. Não apaga, eu disse. Não me deixa sozinha no escuro, não quero usar a lanterninha agora, porque eu vou ver coisa demais. Meus olhos estão doendo porque eu tô chorando pra dentro. Minha cabeça tá gritando. Tá gritando alto demais pra eu conseguir pensar direito. Mas eu também não sei se quero pensar em alguma coisa. Posso pensar só em você? Posso não pensar em nada? Posso só ficar aqui deitada, olhando pro teto? Deixa, eu arrumo a cama. Eu arrumo essa bagunça toda. Desculpa ter quebrado seu espelho. Desculpa ter quebrado a garrafa de vinho tinto na parede branca. Desculpa ter quebrado seu coração. O tempo não vai voltar agora. Ou se voltar, vai estar riscadinho, lembra? Você disse que era riscadinho. Não vou alterar nada, nem quero. Tá bom assim. Não, não tá bom. A cabeça continua gritando. Mas se você ficar aqui comigo, segurando minha mão, vai ficar tudo bem, eu sei. Tá, pode apagar a luz. Assim eu não vejo a dor que come minha carne. É um verme. É um verme daqueles que se alimenta de carne com dor. Mas nem tá doendo tanto. Não tá doendo porque você me beija e aí a dor vai embora. Mas ela volta quando você me deixa. Ela senta do meu lado no metrô lotado. Fica sempre o espaço dela livre. Acho que ninguém tem coragem de sentar lá. Eu vou contando minhas moedas pra chegar em casa. Posso ficar na sua casa hoje? Eu não vou arrumar tudo daquele meu jeito doentio. Nem quero arrumar. Minha cabeça não tá arrumada hoje. Minha garganta tá arranhando. Acho que é alguma coisa que eu bebi. Não tá descendo direito. Pode ser uma daquelas pedras que eu cuspi longe também. Eu não posso ficar me engasgando à toa. Eu te ouço cantando nos meus sonhos. É só você que me faz cantar. Havia mil motivos pra eu não estar naquele show. Afinal, não vou sair sozinha por aí. Vai que eu começo a chorar bem na parte mais bonita da música. Vai que eu pego no sono e não volto pra casa. Você vai sentir minha falta? Quem vai sair atrás de mim na noite dessa cidade sem noite? Quem vai me dizer pra não desesperar quando meu coração já não souber mais o ritmo de nada? Dá pra fechar a janela? Tá ventando na minha cara e vai bagunçar meu cabelo. O céu? Tá cinza. E azul. E laranja. Acho que é... Cinzazularanja o nome dessa cor. Mas não combina com o dia de hoje. Não combina porque hoje eu queria o céu todo escuro. Não me importa se você acha que tá bonito. Eu tô falando o que eu acho. Olha, não faz esse tom de voz. Esse aí. Tá falando toda seca comigo. Deve achar que eu não percebo. Tudo bem, tudo bem. Não, não tô sendo grossa agora. Ai, vou dormir. Você tá me irritando. Não, ela tá me sufocando. Calma, tá tudo enrolando aqui dentro de novo. Eu preciso de ar. Dá pra abrir a janela? Eu tô com fome, mas não quero comer isso aí. Quero alguma comida diferente. Pode ser você. Faz uma dança pra mim. É, dança, dança, remexe o corpo. É, minha cabeça tá mesmo rodando. Parece aquela... Aquela... Como é mesmo aquela palavra? Deixa pra lá. Tô me cansando. Não é de você, boba. É dessa vida toda. Ainda não entendi o que tá acontecendo. Não tem como entender, né? Você me ama? Ama mesmo? E se acontecer alguma coisa e você deixar de me amar? Eu morro. Nossa, meus olhos agora estão fechando. E eu nem tomei o remédio hoje. Se bem que ele não tá mais fazendo efeito. Não por esses dias. É, acho que já deu minha hora. Logo eu caio aqui na sua frente e começo a babar no lençol. Pode me cobrir? Quero beijo. Quero mais. Quero carinho. Deita aqui do meu lado. Eu te amo, sabia? Agora me deixa dormir.


NDS