sexta-feira, 2 de abril de 2010

A outra Alice amargurada

Olha, Alice, é um espelho
bem na sua frente, bem na sua cara
É seu reflexo que vejo
distorcido e deformado
desmanchando em alguns pedaços
É sua imagem que se apresenta assim
cheia de manchas, cheia de marcas
Essa é você quando fechamos os olhos
quando apagamos as luzes
quando tiramos as roupas
Essa é você, Alice, que se esconde
temerosa num arbusto de flores mortas

Alguém recita aquele dos Anjos

falamos sobre quimeras e eu
solto uma gargalhada audível
De novo recitam algo que já conheço
prontamente digo seu nome
Me olham enojados, sinto nojo também
Outro alguém cospe de lado
todos olham pensando ser você
Não é, não é
Trancamos pesadelos numa caixa
numa caixa espelhada por dentro
e vedada por fora

Trancamos você num espelho sem volta.



NDS