e escondo de mim mesma essas palavras quentes
que não queimam nem ardem
mas são duras e pesadas o suficiente
para seguir em frente
vou andando de lado
- me falta um cavalo alado, que rime mais profundamente que essas
palavras vãs -
e vou encostando, sem querer,
nas paredes que te protegem
tão altas e frias
cruas
um corte no braço
um corte no rosto
e eu continuo andando,
me escondendo
te escondendo
porque há vergonha
além de todo o resto
"não dá, não dá"
mas seus tijolos barrosos
me empurram e pressionam
"dá. dá, sim"
e eu continuo arranhando
o alvo e pálido manto
que me envolve,
fantasma
quase me escapa
sufocado
um grito de dor
mas eu controlo o mundo
e continuo
vou escrevendo em gelo
dentro desse medo branco.
NDS